sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O Laço de Fita

Não sabes, criança? estou louco de amores...
Prendi meus afectos, formosa Pepita.
Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?!
Não rias, prendi-me
Num laço de fita.
Na selva sombria de tuas madeixas,
Nos negros cabelos da moça bonita,
Fingindo a serpente qu'enlaça a folhagem,
Formoso enroscava-se
O laço de fita.
Meu ser, que voava nas luzes da festa,
Qual pássaro bravo, que os ares agita,
Eu vi de repente cativo, submisso
Rolar prisioneiro
Num laço de fita.
E agora enleada na ténue cadeia
Debalde minha alma se embate, se irrita...
O braço, que rompe cadeias de ferro,
Não quebra teus elos,
Ó laço de fita!
Meu Deus! As falenas têm asas de opala,
Os astros se libram na plaga infinita.
Os anjos repousam nas penas brilhantes...
Mas tu... tens por asas
Um laço de fita.
Há pouco voavas na célere valsa,
Na valsa que anseia, que estua e palpita.
Por que é que tremeste? Não eram meus lábios...
Beijava-te apenas...
Teu laço de fita.
Mas ai! findo o baile, despindo os adornos
N'alcova onde a vela ciosa... crepita,
Talvez da cadeia libertes as tranças
Mas eu... fico preso
No laço de fita.
Pois bem!... Quando um dia na sombra do vale
Abrirem-me a cova... formosa Pepital
Ao menos arranca meus louros da fronte,
E dá-me por c'roa...
Teu laço de fita.
Castro Alves
Poesia escolhida por:
Pedro Antero Da Silva Dias
série:7º
numero: 12
poesia de: Castro Alves
Escola:E.E.F.M.Dep. Joaci Pereira


Esta rua

Sem lua
É uma rua tão escura
E porque a noite dura
Duram instantes
De leve candura
Que brilha salteada
Em janelas vigilantes
De nada
Ou porventura
De um segredo
Que não sai á rua
Sem lua
Porque até da noite escura
Tem medo.

Esta rua
Sem lua
É uma rua tão escura
É onde a aventura
Se adivinha
É onde mora a loucura
Que podia ser tua
Que podia ser nossa
Mas é só minha
Só minha até que possa
E ainda bem
Porque a solidão
Quem a tem
Não tem nada
Nem é nada que se partilhe
Até que estenda a mão
E se humilhe.

Esta rua
Sem lua
É uma rua tão escura
Que me guarda infeliz...
Ai como é dura
Esta cama que fiz
E fria que arrepia
Como um amanhecer destapado
Aos olhos de estranhos
Só por um dia
Me ter lembrado
De me cobrir de sonhos.

Esta rua
Sem lua
É uma rua tão escura
Que não me atenua
Apenas apura
A nobre vergonha
De quem sonha
Com outros valores
Mas outros se levantam
E desencantam
Os sonhadores
E porque a vida cansa
Em mim apenas
O corpo cheio de penas
Descansa.


Escolhido na internet por Ronner lucian Oliveira Nogueira sala'5 série 8º E, tarde



SONETO DO DESMANTELO AZUL

Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori as minhas mãos e as tuas,

Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.

E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.

E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.
Poesia escolhida por :Robson dos Santos
Autor: Carlos Pena Filho
Série;7º E turno, tarde , Numero;24

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